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quarta-feira, 6 de março de 2013

Mario Sergio Cortella: Não nascemos prontos - PALESTRA e Relação dos livros publicados

Quantas vezes você ouviu ou mesmo falou:
- as crianças e jovens de hoje........ as famílias........os pais.......
Reclamamos (com razão) por mais participação dos pais na educação dos filhos, contudo, convém refletir: Quem são estes pais? 
Todos eles passaram pelas escolas e, para muitos de nós, passaram por nossas aulas. O que fizemos ou deixamos de fazer que, de certa forma, influênciou este "jeito crítico" que muitos deles criam seus filhos.
Se hoje eles não participam efetivamente da vida escolar e da educação dos filhos como julgamos ser necessário, cabe questionar o que a escola fez com estes pais e mães quando eles estavam em formação  para que aprendessem a participar? Quando alunos, eles participavam da vida da escola? Eram ouvidos? Suas idéias eram consideradas? Suas sugestões eram levadas em conta ou debatidas? Não. Creio que eram, como fui eu e muitos de nós, levados ao limite da "alfabetização cidadã em 4 letras": O B D C......obedecer.
 Cortella nos diz com bom humor, mas sem eliminar a gravidade do problema, que a dúvida é maldita na escola. Dúvidas e erros, a matéria prima da formação é rejeitada na escola. Eles passam de ano. As dúvidas e os erros sempre passam de ano!
Dia após dia, de maneira sutil (as vezes nem tanto), o currículo oculto dominou a produção de conhecimentos escolar e com isso, não se aprendeu a matemática pretendida (nunca encontraram o delta nem tampouco se soube pra quê procuravam) mas "aprenderam" a temê-la sem conhecê-la;
Ouviram palestras sobre preservação do meio ambiente para depois caminharem sobre papéis de balas e salgadinhos no páteo. Rasgaram, na porta da escola a cada final de semestre, cadernos com notas 10 em trabalhos de biologia sobre preservação;
Poderíamos enumerar uma série de contradições como estas para cada uma das disciplinas da grade. Seria um ótimo exercício!
Contudo, resta que hoje estes alunos são pais. Muitos deles, sem ter consciência do quanto poderiam (e podem) fazer para contribuir com a escola na educação plena de seus filhos, devolvem à escola aquilo que a escola se empenhou durante anos para lhes dar: ordens, comandos.
Expressam autoridade de pais e afrontam a escola muitas vezes, como se eles 'fossem' assim. Não são. Ficaram assim. Ficaram assim por falta de algumas coisas e, principalmente, por excesso de outras. Saberiam ser ou fazer diferente? Como vêem a escola?
Embora saiba que não se pode generalizar, penso que esta situação retrata um pouco a nossa realidade hoje. Acredito no entanto, que ela pode ser mudada. Lógico que não podemos esperar resultados diferentes fazendo tudo do mesmo jeito. Mas, como inverter isso? O que mudar? Como mudar?
Primeiro, precisamos refletir o quanto destas práticas escolares nos insignou-nos. Marcou-nos. Igualmente aos pais, passamos pelos mesmos bancos escolares. 
Fato é que os alunos de "hoje em dia" serão os pais e professores de amanhã. Com qual conceito de escola eles chegarão lá? Com qual conceito e com quais práticas de participação? 
Com qual o senso crítico eles enfrentarão o bombardeio da mídia e saberão fazer as suas escolhas de forma lúcida e autônoma? 
Para estas perguntas, a escola continua tendo papel de destaque na construção discreta das respostas.
Partindo desta realidade para uma perspectiva mais otimista, penso que a escola pode reverter tudo isso. Estou sempre disposto a apostar "um dente da frente" que muitos pais gostariam de ter relações ideais com a escola se ela lhes oferecesse aquilo que os afligem na dura vida prática de se "criar" os filhos. Se tem dúvidas, medos e principalmente, erram por desconhecimentos, a escola que lhes acolhesse generosamente como 'fonte' de debates, conhecimento e convivência, seria entendida como parceira verdadeiramente. 
Pode-se, por aí quem sabe, romper um ciclo vicioso de poder e autoritarismos "velados" para fazer nascer a Escola dos Pais e professores. Os de hoje e os do futuro.
Esta seria um grande feito a ser descrito quando o professor Cortella nos perguntar: Qual é a sua obra!

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